Mitos e lendas

O arroz é um dos alimentos básicos e ancestrais da população mundial e, por esse motivo, não é de estranhar que exista em cada cultura uma série de lendas e mitos em torno deste grão sagrado.

Apesar das divergências culturais e religiosas, se nalguma coisa coincidem as diferentes civilizações é em que o arroz é um alimento oferecido pelos deuses, devendo, por isso, venerar-se como tal. Na China convivem várias lendas, já que este é o país com as maiores culturas. Uma delas conta que uma deusa percorreu todos os pontos cardeais assediada pela fome até que, num lugar, encontrou uma erva e despiu-se à sua frente. A espiga deixou cair umas gotas de leite e a deusa entregou umas gotinhas de sangue. Daqui nasceu o arroz: branco por dentro e vermelho por fora.

Outra lenda chinesa conta que, numa época remota, a Deusa do Arroz e Buda entraram em competição para demonstrar o seu poder. Numa festa celebrada por Buda, a Deusa do Arroz desapareceu repentinamente e os convidados, muito pesarosos, não quiseram continuar a festa. Consciente disso,

Buda decidiu, então, ir procurá-la e convencê-la a regressar. Esta lenda serve para justificar como as mais antigas crenças chinesas (a Deusa do Arroz) partilham o protagonismo com a religião budista, introduzida a partir da Índia.

Na Índia contam que a deusa Banbarazon, certo dia, tomou consciência da fome que o seu povo estava a passar e, para o ajudar, desceu secretamente aos campos de espigas durante a noite. Quando chegou, apertou os seus seios até que deles brotasse leite, mas a última gota foi de sangue. A partir desse dia, as espigas produziram uns grãos vermelhos inúteis e o arroz branco que serviu para alimentar toda a sua gente.

Outra lenda indiana fala do deus Siva ter criado uma bela mulher, por quem se apaixonou. Para se casar, ela pôs como condição receber um alimento que nunca chegaria a aborrecê-la. Siva não conseguiu encontrá-lo, e a donzela morreu de tristeza. Quarenta dias depois, da sua tumba brotou uma planta desconhecida, que Siva reconheceu como o alimento que a sua amada desejava. Recolheu os seus grãos e distribuiu-os por todo o seu reino.

Os Árabes afirmam que o arroz procede de uma gota de suor de Maomé e as lendas africanas narram como o arroz foi fecundado a partir do sangue do primeiro homem.