O arroz, alimento universal
Se há razão pela qual o arroz se destaca é por ser o alimento universal que abastece dois terços da população mundial, culturas que têm os seus métodos de produção e alimentação próprios, unidos às tradições que fazem parte do património cultural mundial.
A seguir ao trigo, é o cereal mais consumido e a base para elaborar milhares de receitas, como prato principal, como acompanhamento e como sobremesa. Pertencente à família das gramíneas, o arroz é típico de zonas temperadas e húmidas, e cresce em lagunas inundadas de água.
Começou a ser cultivado há cerca de 6000 anos, tendo sido domesticadas duas espécies: o arroz Oryza sativa, originário do sul e sudeste asiático, cujo antepassado foi a selvagem Oryza Rufipogon, e o arroz africano ou Oryza glaberrima, cultivado inicialmente no delta do rio Níger. Com o passar dos séculos, os árabes introduziram-no no Egipto, na costa oriental africana, em Marrocos e também em Espanha, após conquistarem a península no ano 711.
A espécie asiática deu origem às duas grandes raças de arroz: a índica e a japónica. A primeira é de grão longo e constitui 80% do arroz mundial, enquanto que a variedade japónica é de grão médio ou redondo. Os países do norte da Europa consomem maioritariamente arroz índica, uma preferência que tem vindo progressivamente a estender-se até ao sul. Por essa razão, a Europa, tradicionalmente produtora de arroz japónica, reconverteu as suas explorações para a outra variedade.
Actualmente, o arroz é cultivado em todos os continentes, embora o principal produtor a nível mundial seja a China, que produz 30% do total. Na Europa, a Espanha é um dos países produtores, juntamente com a Itália, Portugal, a Grécia e a França. Na Espanha, há uma importante produção na Comunidade Valenciana, em Múrcia, na Catalunha, na Extremadura, na Andaluzia e no vale do Ebro.
Só na Ásia, mais de 2000 milhões de pessoas obtêm 70% da sua energia através deste cereal, enquanto que em África é o alimento de crescimento mais rápido. Além disso, trata-se de um produto muito importante para a segurança alimentar dos países com rendas escassas. Quase mil milhões de lares na Ásia, África e América dependem dos sistemas arrozeiros como principal fonte de renda. Em muitos lugares, o arroz substitui o pão consumido diariamente como acompanhamento das comidas ocidentais. No Japão, é costume oferecer um prato de arroz branco ao sentar-se à mesa, embora, em contrapartida, não se sirva pão.
Trata-se de um alimento muito versátil que admite qualquer tipo de preparação, acompanhado de verduras, peixe, carne e ovos. Pode servir-se quente ou frio, e é possível salgá-lo, açucará-lo, temperá-lo com diferentes especiarias… Também é costume utilizá-lo em pastelaria. Se for moído, obtém-se uma farinha que se utiliza para espessar molhos, cremes e recheios de bolos, especialmente indicada para pessoas com intolerância ao glúten.
No entanto, o arroz não é somente um alimento vital, como também constitui o eixo fundamental de numerosas culturas e tradições em todo o planeta. Está presente em cerimónias religiosas, festivais, costumes, pratinhos e festividades que giram em torno deste cereal, como o costume importado da Ásia de lançar arroz nos casamentos, considerado como símbolo de fertilidade. A ONU declarou 2004 como o Ano Internacional do Arroz: “Símbolo de identidade cultural e de união entre os povos”.